Potências agrícolas prometem garantir segurança alimentar mundial apesar da guerra, mas Brasil fica de fora!

Várias potências agrícolas, incluindo União Europeia (UE), Estados Unidos, Canadá e Austrália, comprometeram-se nesta sexta-feira (6) a garantir a segurança alimentar no mundo, apesar dos problemas provocados pela invasão russa da Ucrânia. Alguns grandes produtores, como o Brasil, ficaram fora da iniciativa.

“Nos comprometemos a trabalharmos juntos para garantir que haja comida em uma quantidade que seja suficiente para todo mundo, incluindo os mais pobres, os mais vulneráveis e as pessoas deslocadas”, escreveram os 51 membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), em um comunicado conjunto.

Os produtores também prometeram que vão manter os mercados agrícolas “abertos, previsíveis e transparentes, sem impor medidas comerciais restritivas que sejam injustificadas” sobre os produtos agroalimentares, ou sobre produtos-chave para a produção agrícola.

Os países signatários ? com exceção de grandes produtores como Argentina e Brasil ? Também enfatizam que as medidas emergenciais adotadas para lidar com a situação devem causar o menor número possível de distorções e ser temporárias, específicas e proporcionais.

Eles também pedem que os produtos comprados pelo Programa Mundial de Alimentos (PAM), que está na linha de frente para tentar compensar os prejuízos nos mercados de grãos e de óleo por causa da situação na Ucrânia, estejam isentos de qualquer restrição, ou de proibição de exportação. Rússia e Ucrânia são dois importantes exportadores de trigo, milho, canola e óleo de girassol no mundo todo.

Juntos, Rússia e Ucrânia respondem por 30% do comércio mundial de trigo. A guerra e os riscos que ela representa para as colheitas e exportações ? os portos ucranianos do Mar Negro estão bloqueados ? fizeram os preços de todas as oleaginosas dispararem. Em dois meses, o girassol, assim como a colza, viu seu preço subir 40% no mercado europeu.

Guerra vai afetar rendimento da próxima safra de trigo na Ucrânia.

A ofensiva russa na Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro e as sanções que pesam desde então sobre Moscou interromperam as entregas de trigo e de outros produtos alimentícios desses dois países, gerando um forte aumento dos preços.

Esta alta se soma ao aumento dos preços dos combustíveis, especialmente em países emergentes.

O rendimento da próxima colheita de trigo na Ucrânia poderá ser 35% menor em relação a 2021 devido à invasão russa, segundo imagens de satélite analisadas pela empresa de geolocalização Kayrros em uma nota publicada nesta sexta-feira (6). O conflito perturbou gravemente a temporada de plantio, que está em curso, e obrigou os agricultores a trabalhar debaixo de bombas, com dificuldades para encontrar combustível.

Rússia autoriza importações paralelas 

A Rússia publicou  hoje uma lista de 100 categorias de produtos que podem ser importados sem o consentimento dos donos de propriedade intelectual, para contornar as restrições impostas desde sua ofensiva na Ucrânia.

A lista de produtos inclui telefones da Apple e Samsung, grandes marcas de automóveis, consoles de jogos e peças de reposição, segundo um documento divulgado pelo Ministério da Indústria e Comércio. “De acordo com o documento, a responsabilidade legal é levantada em caso de importação desses produtos contornando os canais oficiais de distribuição”, disse o ministério.

Muitos desses produtos são fabricados por grupos que decidiram se retirar do mercado russo após a ofensiva contra a Ucrânia. Outros, como peças de reposição para a indústria automobilística, estão sujeitos a sanções ocidentais. Este mecanismo de importação paralela busca evitar a escassez na indústria e no comércio de bens que a Rússia não pode produzir.

O presidente russo Vladimir Putin disse várias vezes nas últimas semanas que os países ocidentais não conseguiram prejudicar a economia russa com as sanções.

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